terça-feira, 31 de janeiro de 2012

[Resenha] O Trono de Fogo

Título: As Crônicas dos Kane, O Trono de Fogo
Autor: Rick Riordan
Editora brasileira: Intrínseca
Páginas: 398
Sinopse: Os deuses egípcios estão livres, os bons e os maus. Após deter Seth, os irmãos Kane retornam ao Brooklyn, e lá fundam a escola de magos. Seth tinha os informado que Apófis, a Serpente e Deus do Caos, está tramando um retorno triunfal, onde ele irá engolir o mundo em escuridão. Na companhia de alguns magos e de Bes, eles vão em busca dos três papiros de Rá, que juntos podem reviver o Deus do Sol, o único que pode conter o Caos. 


Não sei bem por onde começar a resenha de um livro como esse. Talvez porque seja um dos melhores livros que eu já li. Digamos que se "adéqua" ao meu gosto literário quase que perfeitamente. O livro tem muita ação, é muito difícil ficar entediado durante a leitura (difícil, não impossível); tem partes que fazem-nos refletir, não só refletir como o personagem, mas fazer reflexões de nossas atitudes; tem muita comédia, o que descontrai, de certo modo, o clima pesado que toma conta do livro quase todo. Claro, os irmãos Kane são dois adolescentes "órfãos" de pai, Sadie é a rebelde e a mais "adolescente" no sentido mais puro enquanto Carter é o maduro bobão, que Sadie tira sarro em todas as oportunidades possíveis. As briguinhas entre eles são bem... Comuns? Hm, não... Só se você for um filho de um deus egípcio, e tiver um irmão(a) que você ama e odeia ao mesmo tempo e vocês dois juntos têm o dever de salvar o mundo. Bem, eu acho que não é o caso, né? Mas enfim... 


Minha narrativa favorita é a de Sadie. Caramba! Nunca me identifiquei tanto com um personagem como aconteceu com Sadie Kane. O raciocínio dela, as decisões que ela toma e a forma como as decide. Além de que Sadie tem um senso de humor milhões de vezes melhor que Carter (e duvido alguém me contradizer), e ela faz piadas o tempo todo, às vezes até sem querer. Pela primeira vez ri de verdade durante a leitura. Não são sorrisos ou risinhos, foi realmente uma crise de risos. 
Hm... Em certa parte do livro, quando ela têm de ler o papiro para despertar Rá, ela quase se confunde na leitura. De acordo com ela, os hieróglifos estavam desordenados e eram confusos. No meio de um dos papiros tem escrito "Eu o nomeio Primeiro do Caos, Khnum, que é Rá, o Sol poente. Eu invoco seu ba para despertar o Grande por que sou     insira seu nome aqui     ". E como a narrativa é em primeira pessoa, podemos saber o que aconteceu ao ver dela, e bem... Já dá pra saber o que ela diz, não é? "Eu quase li alto desse jeito: 'Porque eu sou insira seu nome aqui!'". É, é idiota, mas eu ri, e ri muito...

Bem, daqui pra baixo vai ser uma avaliação mais formal.

Julius Kane é um explorador egípcio comum. Bem, eu disse comum? Ok, ignore isso. Julius Kane é o patriarca da grande família Kane que descende de uma grande família do Egito Antigo , de uma família de faraós. Tem dois filhos, Carter e Sadie, que há 6 anos, quando a mãe morrera misteriosamente, viviam separados. Enquanto o garoto acompanhava o pai pelas viagens ao redor do mundo, Sadie mora com seus avós maternos em Londres, tem uma vida normal. Normal, ao menos até o dia em que Julius decide fazer uma visita à ela, junto a Carter. Eles vão ao British Museum (um grande museu de Londres), e na seção egípcia o pai tenta roubar um artefato único: a Pedra da Roseta. Não uma réplica, mas a Pedra da Roseta verdadeira! E na tentativa de roubo a pedra quebra e os deuses do Egito Antigo são todos libertados (sim, eles estavam aprisionados ali, naquela pedra). Como resultado, Carter e Sadie foram "invadidos" pelos deuses Hórus e Ísis, respectivamente. Já Julius Kane teve... Bem, não sei dizer se foi sorte ou azar, mas ele apenas foi consumido por Osíris, e se tornou o deus do submundo.
Um dos deuses liberados foi Set, um deus do mal. Ele tenta trazer o caos de volta, mas é impedido por Sadie e Carter. Sim, Set é um deus, mas isso não significa que ele consiga trazer o caos ao mundo sozinho. Ele contou com a ajuda de algumas criaturas e de Desjardins, um mago (feiticeiro egípcio), o segundo mais poderoso do mundo, sendo superado apenas por Iskandar, que, como mago mais poderosos do mundo, é o Sacerdote leitor-chefe (uma espécie de título e de cargo do mago mais poderoso do mundo). Mas enfim... Isso é história do primeiro livro "A Pirâmide Vermelha", que também é muito bom!

Bem, em O Trono de Fogo, Carter e Sadie estão de volta à Casa do Brooklin onde junto ao seu tio Amós (irmão de Julius, também mago) fizeram dali uma "escola" para magos de todo o mundo (de Julian, de Boston até Cleo, do Rio de Janeiro). Agora, sem serem hospedeiros dos deuses Hórus e Ísis (o poder poderia os consumir até os deuses tomarem por completo seus corpos, decidiram portanto acabar com essa ligação) tinham a difícil missão de encontrar os três papiros de Rá e despertar o deus sol com o objetivo de combater e impedir o retorno do Caos, o retorno de Apófis (deus do Caos), a Serpente. Mas vencer esse desafio não será nada fácil, porque nenhum mago jamais conseguiu juntar os três papiros, tampouco recitar os feitiços e trazer de volta Rá; e ninguém faz ideia de onde o deus esteja. Além disso, Carter sofre com a difícil promessa de encontrar Zia Rashid, uma garota que ele conheceu durante a aventura com Set, que era aprendiz de Iskandar e que ele se apaixonou. Bem, ao menos ele pensava ser uma garota, mas não passava de um shabti, uma cópia de Zia, feita de argila. Agora, Carter prometeu achar a verdadeira Zia, que descansa no Lugar das Areias Vermelhas, próximo ao rio Nilo, onde uma vez havia um vilarejo: o vilarejo de Zia, que fora brutalmente destruído por Apófis, levando todos os amigos e familiares de Zia. 
Logo no começo nos deparamos com dois personagens novos: Jaz e Walt, que têm uma importância fundamental para o futuro do enredo. Jaz é uma típica líder de torcida, de acordo com Carter, é simpática e prestativa. Decidiu, na escola do Brooklin, seguir o caminho de Geb, o deus terra. Tem dons para a medicina também.
Walt é alto e musculoso, parecido com um atleta, de pele morena e cabelo raspado, bem curto. Foi o primeiro mago a chegar na "escola" e tinha um dom com amuletos. Na verdade, Walt sofre de uma maldição que acompanha sua linhagem sanguínea há mais de três mil anos, e por causa dessa maldição, ele prefere não usar magia e sim amuletos que "possuem sua própria magia". Walt esconde esse segredo de todos, exceto Jaz, que ele tem esperança de que arrume uma cura.
O livro tem um enredo muito criativo, com personagens intrigantes e especiais e é extremamente necessário citar a geniosidade de Rick Riordan. Um autor que exala criatividade e boa vontade. Ele sabe como escrever para o público jovem, sabe sobre o que escreve - mitologia - (afinal, foi professor de História) e soube muito bem juntar as duas habilidades para escrever este livro. Não posso negar que me vi dentro do livro, acompanhando os personagens em todo lugar. Descrições curtas e precisas, de um modo que você não fica entediado ao ler como é o ambiente, os personagens ou os objetos, mas tem uma noção perfeita de como eles são (tanto que identifiquei os personagens quando vi os desenhos oficiais), e esse é um ponto onde As Crônicas dos Kane difere de Percy Jackson e os Olimpianos (que quando vi os desenhos oficiais fiquei pasmo, e minha imaginação entrou em transe, tanto que não consigo mais ler Percy Jackson e os Olimpianos e participar da história). 
É, pra mim, um livro perfeito! Recomendo para você que é jovem e gosta de se perder nas histórias, navegando pelas páginas dos livros. 

Nota: 9,5/10

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