#Resenha: A Fúria dos Reis (As Crônicas de Gelo, Vol. 2)

Título original: A Song of Ice and Fire: A Clash of Kings

Autor: George R. R. Martin

Editora brasileira: LeYa

Páginas: 656

Preço: R$ 49,90

Sinopse: Um cometa da cor do sangue e fogo atravessa o céu. E a partir da antiga Pedra do Dragão às margens proibidas de Winterfell, reina o caos. Seis nações lutam pelo controle de uma terra dividida e pelo Trono de Ferro dos Sete Reinos, preparando-se para o embate através de tumulto, confusão e guerra. É um conto em que irmãos conspiram contra irmãos e os mortos se levantam no meio da noite. Neste lugar uma princesa se disfarça como um garoto órfão, um cavaleiro espiritual prepara um veneno para uma feiticeira traidora, e homens selvagens descem das Montanhas da Lua para devastar o campo de batalha. Com um pano de fundo incesto, alquimia e assassinato, a vitória pode chegar aos homens e mulheres possuidores do aço mais frio e dos corações mais gelados. Quando há um confronto entre reis, toda a terra treme.

George R. R. Martin vem, novamente, brincar com a sanidade de seus leitores. Em A Fúria dos Reis somos apresentados diretamente a Stannis Baratheon e a feiticeira Melisandre, por meio do POV (point-of-view, ou ponto de vista) de Davos Seaworth, um antigo contrabandista que tornou-se cavaleiro de Lorde Stannis. Além deste novo POV, agora temos também Theon Greyjoy, o protegido dos Stark no primeiro livro, que acompanhou Robb Stark para as terras do sul e, após a captura de Jaime Lannister (o Regicida), foi enviado às Ilhas de Ferro, mais precisamente a Pyke, seu lugar de origem onde ele é (ou presume-se que ele seja) o herdeiro do trono.

Além destes dois, temos os POVs já apresentados no primeiro livro de Tyrion, Arya, Catelyn, Bran, Sansa, Jon e Daenerys. Cada um desenvolvendo sua história de um modo um tanto peculiar; muitas vezes um capítulo completa o outro, como é o caso de Tyrion e Sansa, e, em certo momento, de Theon e Bran.

Abaixo, se você quiser ver, um pequeno resumo/introdução da história, sem spoiler. Uma sinopse mais detalhada! :)

Ao norte, Jon Snow está em sua primeira verdadeira missão pela Patrulha da Noite, numa perigosa caça pelos membros desaparecidos da patrulha (incluindo seu tio, Benjen) e pelo desaparecimento súbito dos selvagens. Em seus capítulos descobrimos cada vez mais sobre as terras de além-da-Muralha, as criaturas e as magias que ali habitam, os selvagens e sobre os Outros.

Um pouco mais ao sul, ainda ao Norte de Westeros, temos Winterfell, comandada por Bran que sofre com seus estranhos sonhos em que ele entra no corpo de seu lobo gigante, Verão. Cá entre nós, são os capítulos mais chatos do livro, embora acabem melhorando muito do meio para o final da história.

Partindo de Porto Real, fugitiva, com Yoren e os novos membros da Patrulha da Noite, Arya tem que manter sua identidade oculta e lidar com todos os perigos da viagem para o Norte, com a incerteza de que chegará em casa novamente, ou não...

Em Pedra do Dragão, Stannis Baratheon, irmão do falecido rei Robert e de Renly Baratheon, arquiteta e executa planos para tomar Porto Real e o Trono de Ferro, o qual ele julga ter o direito, acusando o rei Joffrey de ser fruto de um incesto entre Jaime e Cersei. Para que seus planos deem certo, ele segue os conselhos de uma sacerdotisa escarlate, Melisandre, seguidora do "Deus vermelho" Rh'llor, uma personagem de extrema importância para o decorrer dos fatos. Conta também com a ajuda de seu cavaleiro e conselheiro Davos Seaworth (o dono do POV), que vê as realidades por trás das bruxarias de Melisandre e tenta abrir os olhos de seu senhor.

Em Correrrio, Catelyn Tully é enviada para as tropas de Renly Baratheon, a fim de firmar um acordo entre ele, que se proclama sucessor do Trono de Ferro, e seu filho, Robb, que se declara rei do Norte. Em Porto Real, Tyrion exerce as funções de Mão do Rei, salvando, muitas vezes, o reinado de Joffrey da falha. Tentando manter a paz na cidade e bolando ideias para vencer a guerra, o anão se mostra, mais uma vez, um personagem ardiloso e muitíssimo interessante. Também no centro real de Westeros, uma jovem donzela permanece com o sofrimento pela morte de seu pai e com as torturas daquele a quem ela está prometida. Sansa Stark prova-se uma garota mais matura e, ainda assim, sonhadora. Fazer a corte se convencer de seu falso amor por Joffrey não será uma tarefa fácil.

E no Mar Estreito, Daenerys Targaryen, a mãe dos dragões e filha da Tormenta, leva o seu pequeno khalasar pelo Deserto Vermelho, com seus dragões (que crescem cada vez mais) em busca dos navios e do exército para Westeros. Ela acaba na cidade de Qarth, onde muitas coisas surpreendentes acontecem!

Esse livro não é, digamos, o "favorito" da maioria dos leitores da saga. O motivo? É mais conversa do que ação. Queixei-me muito disso e foi um dos fatores que me levou a largar o livro quando o peguei em Agosto, logo após finalizar A Guerra dos Tronos. No início, nos deparamos com muitas conversas sobre o que está acontecendo em um lugar "x", o que está acontecendo em um lugar "y" e as interpretações dos personagens acerca de tais acontecimentos (bem como a interpretação deles em relação a um cometa vermelho que aparece, permanece no céu por um bom tempo e desaparece do nada, sem maiores explicações). É, realmente, "muito papo e pouco sopapo" e, muitas vezes, a conversa não leva a lugar algum. Mas, ainda assim, há uma mágica por trás da escrita de George R. R. Martin que vai te prender ao livro, uma vez acostumado com o "temperamento da leitura" (afinal, saímos de um fim épico em A Guerra dos Tronos e chegamos com um começo entediante; é necessária uma adaptação do leitor). De qualquer modo, não se preocupe, se você gosta da ação, pois ela volta com tudo da metade para o fim do livro.

O desenvolvimento da história de algumas personagens não conhecidas ou não bem exploradas anteriormente ocorre aqui, o que é muito bom para o compreendimento e futuro dos próprios fatos da história. Os personagens que já conhecemos têm um amadurecimento notável, deixam de ser aquelas criaturas "doces, revoltadas, pacíficas ou palhaças" e se tornam fortes, bravas, duras e engenhosas. Como exemplo de mudança na personalidade (para melhor, sempre) é imprescindível citar Sansa, Arya, Tyrion e Catelyn, personagens que têm uma participação intensa e necessária nessa trama.

A narrativa segue, como bem afirmado, tediosa no começo, mas, com o início das batalhas na metade do livro, tornam-se chocantes e imprevisíveis. Claro que existem capítulos que tendem a serem emocionantes do começo ao fim do livro (como os capítulos de Tyrion) e outros que permanecem chatíssimos durante um bom tempo (os infames capítulos de Bran), mas, no final de tudo, todos se tornam especialmente emocionantes.

Dentre os novos personagens introduzidos, vale a pena mencionar Melisandre (a misteriosa sacerdotisa escarlate que vive na Pedra do Dragão, vestida de vermelho na imagem acima), Brienne de Tarth (uma dama que pouco se parece com isso, cavaleira da Guarda do Arco-Íris de lorde Renly) e Asha Greyjoy (irmã de Theon e possível herdeira do trono das Ilhas de Ferro). Essas três personagens têm um mistério por trás de tudo e cada uma possui seu jeito de fazer o leitor se apaixonar, ou, no mínimo, simpatizar por elas.

Reviravoltas, mortes e revelações. Tudo isso está presente em A Fúria dos Reis, com a escrita impecável de Martin! Prepare-se para levar sustos e se revoltar com os acontecimentos do segundo volume de As Crônicas de Gelo e Fogo! Ainda que a narrativa deixe a desejar no começo, é um livro do qual tenho o imenso prazer de ter lido.

P.S.: comemoremos pois completei a minha coleção com os cinco livros de As Crônicas de Gelo e Fogo e vou ganhar o box especial da edição pocket limitada com os cinco livros.

Nota: ★★★★★